
Com
tecnologia 100% nacional, a VEZ do Brasil pretende lançar seu primeiro veículo
elétrico ainda em 2012. Depois de uma visita a uma feira de automóveis nos
Estados Unidos, em 2001, o engenheiro eletricista Tony Saad começou a pesquisar
sobre como criar um veículo elétrico no Brasil, sem tanque ou radiador. Muitos
anos e tentativas depois, Saad conseguiu finalizar um protótipo com sistema de
tração elétrico, passando a trabalhar no design do projeto. A partir de
pesquisas de mercado que demonstraram que cerca de 90% dos veículos nas grandes
cidades circulam, na maior parte do tempo, apenas com seus motoristas, o
engenheiro concluiu que o veículo elétrico deveria transportar até duas
pessoas, ter 100 quilômetros de autonomia média e chegar à velocidade de até
120 km/h. Com essas características, a Veículos de Emissão Zero (VEZ) do
Brasil, da qual Saad é diretor-presidente, criou o Seed (em inglês, Small
Eletric with Economic Design, segundo o site da empresa), 100% elétrico e com
tecnologia totalmente nacional, previsto para ser lançado ainda neste ano. Com
54 cavalos e garantia integral de dois anos - são quatro anos para a bateria -,
o Seed poderá ser recarregado em qualquer tomada elétrica, em cerca de sete
horas, no modo de carga lenta. Em situações de emergência, o carro pode
recuperar 80% de sua carga em até 20 minutos, por meio do sistema de carga
rápida, em um dos poucos eletropostos presentes no Brasil. Bastante difundidos
em outros países, o reduzido número existente no país se concentra em cidades como
Rio de Janeiro e Curitiba.
Consumo será em média cinco vezes mais baixo
Segundo Saad, os eletropostos devem ser utilizados em última necessidade, pois
a recarga rápida, quando usada com frequência, pode diminuir em cerca de metade
a vida útil da bateria do veículo. Além de ser um meio de transporte não
poluente, o carro elétrico destaca-se pela economia. "Ele consome cerca de
cinco vezes menos energia em relação ao consumo de combustível de um veículo
flex normal. Se o último gastar R$ 500 por mês com gasolina, o elétrico vai
gastar R$ 100 mensais com eletricidade, aproximadamente", exemplifica o
diretor-presidente da VEZ do Brasil. O engenheiro eletricista afirma que o
processo de desenvolvimento do Seed envolveu universidades e institutos de ciência
e tecnologia, estando hoje na fase da montagem da fábrica-piloto de produção,
em Curitiba (PR). Para tanto, estão em andamento negociações com diversos
grupos de investimento. A VEZ vai terceirizar sua rede de serviços e tem a meta
de construir seis novas fábricas em cinco anos. "Diferentemente dos outros
veículos, a manutenção do elétrico fica reduzida a troca de pastilhas de freios
e pneus, o que pode ser feito em uma rede autorizada terceirizada. Como o
produto é urbano, nossa operação-piloto vai começar em Curitiba, e, aos poucos,
vamos replicar a experiência em outras cidades com mais de 500 mil
habitantes", explica Saad.
Futuro do projeto depende de isenção de impostos
Quando for lançado, o Seed deverá custar cerca de R$ 48 mil, sem isenção
fiscal, o que levou a VEZ a buscar apoio governamental para abatimento dos
impostos. Com esse auxílio, o valor do carro poderia baixar para menos de R$ 20
mil. Além do city car para duas pessoas, a empresa paranaense pretende lançar
as três versões utilitárias do pequeno carro elétrico no segundo semestre de
2013, com cerca de 79 cavalos de potência e capacidade para 400 quilos de
carga, a um custo de R$ 65 mil, sem isenção fiscal. O diretor-presidente da
Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Erber, recorda que os
primeiros projetos de carros elétricos movidos a bateria no Brasil surgiram
ainda na década de 1970, mas não tiveram sucesso no mercado do país,
especialmente devido ao preço elevado, em função de fatores como a falta de
isenção de impostos. Para Erber, o futuro do automóvel elétrico no país depende
do apoio governamental. "Com um esforço coordenado por parte dos órgãos
públicos, a popularização pode acontecer com uma certa rapidez, pois me parece
que é muito mais o governo perceber o carro elétrico como fator de
diversificação industrial, pesquisa, desenvolvimento e de melhoria da qualidade
ambiental. Se esses fatores se juntarem, é muito possível que, em 10 anos, o
carro elétrico de bateria se torne mais visível", acredita.