MÉDICOS ASSEGURAM QUE TUMOR DE CRISTINA KIRCHNER É CURÁVEL

À mídia argentina, especialistas dizem que câncer na glândula tireoide não requer quimioterapia; presidenta será operada no dia 4
Médicos especializados em oncologia afirmaram que o tumor na glândula tireoide que foi descoberto na presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, de 58 anos, é "perfeitamente curável" e não requer quimioterapia. "Entre 90% e o 98% dos pacientes ficam curados", afirmou Júlio Moreno, cirurgião da Fundação Favaloro, ao canal de notícias América 24. Já o presidente da Sociedade Argentina de Cancerologia, Marcelo Blanco Villalba, disse que se trata de uma lesão que pode ser tratada. "É um tumor que apresenta uma alta resposta terapêutica em estádios adiantados", disse ao Canal 26. O chefe da Unidade de Quimioterapia do hospital Marie Curie, Guillermo Temperley, explicou que o tumor de Cristina costuma ser eliminado e que, "além da cirurgia, existe um tratamento com iodo radioativo que geralmente dá bons resultados". Para Miguel Muñoz, diretor do Centro Oncológico de Rosário, "os pacientes não morrem por causa do tumor. Simplesmente se opera e depois se utiliza um tratamento complementar se alguma célula cancerígena tiver permanecido". A notícia sobre o câncer de Cristina foi divulgada pelo porta-voz presidencial, Alfredo Scoccimarro, na noite de terça-feira, quando afirmou que ela será operada em 4 de janeiro. O porta-voz disse que o tumor não afetou outros órgãos e a presidenta ficará de licença até 24 de janeiro. De acordo com Scoccimarro, a doença da chefe de Estado foi detectada durante uma revisão médica de rotina. "Em 22 de dezembro, durante a realização de exames médicos rotineiros, foi detectada a existência de um carcinoma papilar no lóbulo direito da glândula tireoide", disse. "No dia de hoje (terça-feira) foram realizados exames específicos e foi constatada a ausência de comprometimento dos gânglios linfáticos e a inexistência de metástases", acrescentou. Por causa disso, afirmou que os médicos chegaram à conclusão de que a localização do tumor está restrita à glândula tireoide. "Tendo completado hoje a realização dos exames pré-cirúrgicos correspondentes, a cirurgia foi marcada para quarta-feira, dia 4 de janeiro, no Hospital Austral com um tempo provável de internação de 72 horas e convalescença de 20 dias", completou o porta-voz. Cristina Kirchner, que em 10 de dezembro assumiu seu segundo mandato presidencial depois de ter sido reeleita com ampla vantagem, será operada por uma equipe médica liderada pelo cirurgião e oncologista Pedro Saco. Durante sua convalescença, a chefia do Estado será exercida pelo vice-presidente Amado Boudou. O anúncio da doença estimulou uma ampla repercussão no Twitter entre os políticos do país. "Uma saudação e o desejo de pronta recuperação para a senhora presidenta", afirmou o radical Ricardo Alfonsín, que concorreu com Cristina nas eleições presidenciais de 23 de outubro. Nesta quarta-feira, a presidenta manterá sua agenda normal, recebendo pela manhã na Casa Rosada os governadores das províncias. Mais tarde, no Salão Branco, presidirá a cerimônia de entrega de insígnias aos oficiais superiores do Exército, Marinha e Força Aérea.
Cristina vinha sofrendo de quadros de hipotensão, que a obrigavam a suspender, por breves períodos, as atividades oficiais. A última crise ocorreu em 11 de outubro, 12 dias antes das eleições presidenciais, que venceu em 23 de outubro com 54,11% dos votos. Em abril, ela ficou 48 horas de repouso pelo mesmo problema, e precisou adiar uma visita oficial ao México.
Seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, morreu em 27 de outubro de 2010, aos 60 anos, vítima de um ataque cardíaco. A líder argentina se soma à lista de presidentes e ex-presidentes da região afetados pelo câncer, que inclui Luiz Inácio Lula da Silva, com um tumor na laringe, e a atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que superou um câncer no sistema linfático descoberto em 2009. O chefe de Estado do Paraguai, Fernando Lugo, conseguiu vencer um câncer linfático, enquanto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, realizou quatro sessões de quimioterapia para combater um tumor cuja localização não foi revelada. Em outubro, ele que os exames médicos detectaram a ausência de células malignas em seu corpo.