EMPRESÁRIO MORTO NA PARALELA USAVA NOME PARA ‘DAR CREDIBILIDADE A FAÇANHAS DELITUOSAS’, ACUSA DULTRA CINTRA EM AÇÃO

Tanto quanto a motivação da morte, na última sexta-feira (27), a vida de André Cintra Santos, de 55 anos, foi cercada de mistério, denúncias e ações judiciais. O próprio uso do sobrenome Cintra pelo empresário foi contestado judicialmente pelo desembargador Carlos Alberto Dultra Cintra, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em uma ação de calúnia e difamação ingressada no dia 10 de dezembro de 2010. À época, o magistrado, um dos mais influentes do estado, acusou o empreendedor, que teria o nome de batismo André José dos Santos Filho, de tentar obter “favorecimento” com um suposto parentesco com ele. Segundo o processo, ao qual o Bahia Notícias teve acesso, quatro empresários do mercado imobiliário chegaram a declarar em cartório que o acusado os procurou, “dizendo-se interessado” na compra de um apartamento do condomínio Greenville. “Nada de anormal haveria se não tivesse o Representado [André ‘Cintra’ Santos] dito que, por sua influência, ‘o rumo normal do processo’ relativo à referida área teria sido alterado, algo que teria decorrido de sua ‘grande intimidade’ com a juíza da Vara onde tramita o processo e também do fato de ser ‘bastante próximo’ do Representante [Dultra Cintra], ‘a quem teria procurado recentemente para discutir os rumos do referido processo’”, aponta trecho da ação, ao alegar que o empresário “imputou falsamente a prática do crime de prevaricação”. No documento, Dultra Cintra nega ter qualquer “vínculo de parentesco ou, sequer, social” e descreve “jamais ter sido procurado” ou tido “qualquer contato” com André Santos, que teria tentado por duas vezes retificar seu registro civil. “Para alterar o nome e passar a se chamar André Cintra Santos e, talvez assim, dar mais credibilidade às suas façanhas delituosas. [...] Pretendeu eliminar a homenagem prestada pelo pai, tudo com intuito de agregar o nome CINTRA”, relata o texto. No processo, fundamentado nos artigos 138 e 139 do Código Penal, o desembargador pedia a “detenção de três meses a um ano e multa” para o empresário. André Santos, que brigava pela propriedade de um terreno de 280 mil m² na Avenida Paralela e foi o denunciante do esquema de venda de sentenças no Judiciário, que resultou na Operação Janus, foi morto por quatro homens, ao lado do filho, Matheus 'Cintra’, com 13 tiros.