Um
discurso do então deputado Jaques Wagner (PT) na Câmara em 1992,
reproduzido no site da Veja, virou ontem a nova arma da oposição para
vincular o governador a greves passadas da PM. Rapidamente, a
transcrição foi disseminada em blogs e twitters por líderes da frente
antipetista, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e o deputado
federal ACM Neto (DEM). A
divulgação em massa do discurso, no qual Wagner hipoteca apoio ao
movimento encampado por mulheres de PMs por melhores salários e condena a
punição imposta a 110 militares, sinaliza uma tendência da oposição na
briga pela sucessão municipal: a de usar os dias de terror na campanha
eleitoral e, ao mesmo tempo, atribuir aos políticos da base aliada a
responsabilidade pelo motim da PM.
Neto nega que a utilização do discurso de Wagner tenha ligação com a
estratégia eleitoral da oposição. “Repito o que já disse. Não é momento
para pensar em eleições, para dizer quem vai ganhar ou perder com o
episódio. Mas outra coisa é fazer o enfrentamento político, e isso eu
não vou deixar de fazer nunca”, afirmou. O
líder do PMDB baiano também nega ter disseminado a transcrição da fala
de Wagner com finalidade eleitoral. “Não tenho essa preocupação agora. O
meu interesse é mostrar a mudança do governador em relação à filosofia
que ele tinha no passado. Quero que ele volte a ser o Wagner desse
discurso, assim ele resolveria o impasse”, disse Geddel.
Ao CORREIO, Wagner minimizou os efeitos do discurso, bem como sua
atuação na greve de 2001, em parte comandada pelos líderes do movimento
atual. “Entrei na greve de 2001 para negociar com o então governador
César Borges. Se o PT, na época, apoiou e entendeu como justa a posição,
não tenho nenhum constrangimento. Tenho ideias proprias. Mas não sou
parte dos que usaram de violência. E não estou preocupado se a greve vai
prejudicar o candidato que eu apoiar”, destacou.
Já o deputado federal Sérgio Carneiro (PT) critica o que classifica como
“estratégia da oposição para desgastar o PT”, mas garante não temer os
danos eleitorais do motim. “A população sabe as diferenças entre o
passado, quando não havia negociação, e o presente”, disse. Mas, para os
adversários, as imagens dos rivais ao lado dos PMs no passado valem
tanto quanto as palavras ditas pelo governador há quase 20 anos. E tudo
indica que elas serão usadas à exaustão.