José Tude abriu o jogo e
respondeu a questionamentos até então evitados. O ex-prefeito de Camaçari,
após filiar-se ao PTN, assumir a direção da legenda na cidade e abraçar a
pré-campanha de Maurício Bacelar, muda sua postura. Definiu seu objetivo e
declara: voltou a ativa resolutamente. Em entrevista ao site Nossa Metrópole,
falou da saída conturbada do PRP, esclareceu os motivos de ter se afastado da
cidade por anos e teceu críticas ferrenhas a atual gestão.
NM – O que aconteceu nos
bastidores da negociação que acarretou na ida do PRP para a base governista?
Tude – Estava filiado ao PRP desde 2009, antes de Marco Antônio integrar-se ao partido. Em março, soube com surpresa da decisão de Marco Antônio, presidente da legenda em Camaçari, de se entregar ao prefeito. Não me disseram nada. Soube pelo rádio. Tentei evitar que isso ocorresse. Conversei com lideranças a nível regional, mas não houve mudança. Com o próprio Marco eu não conversei, porque ficou difícil o diálogo. Segundo Marco Antônio, o apoio foi entregue em troca de cargos, secretaria... mas algo mais aconteceu. As pesquisas me colocaram em vantagem frente ao candidato do PT. Poderíamos ter a prefeitura, a opinião púbica apontava isso. Não sei realmente o que houve, mas para mim a decisão dele foi errada. Foi uma traição, principalmente vindo dele, que sempre criticou esta gestão. NM – Então o interesse do prefeito Caetano em trazer o seu ex-partido para a base de apoio foi também uma tentativa de retirar seu nome do páreo? Tude – Na verdade, minha candidatura está impossibilitada por causa disso. Me filiei ao PTN após o prazo permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral para quem pretendia pleitear algum cargo político nas eleições deste ano. Mas uma coisa é certa. Não me neutralizaram. Recebi e aceitei o convite para assumir a direção do PTN em Camaçari e vou coordenar a campanha para elegê-lo. Abraço essa causa porque não me dou por vencido. NM – Qual sua principal crítica ao governo atual? Tude – A população é tão clara ao demonstrar sua insatisfação que nem se faz necessária a exposição da nossa própria crítica, mas cito aqui a falta de compromisso e de seriedade e as muitas mentiras. Em resumo, é uma má administração. NM – Alguns pré-candidatos de oposição se colocam como irredutíveis no quesito abrir mão da própria candidatura para apoiar um consenso. Você ainda acredita na união? Tude – Temos estes últimos dias de maio e junho inteiro para trabalhar a união. O PTB e o PPS já declararam apoio ao PTN e nós estamos conversando com outros partidos. O dialogo com o DEM, por exemplo, está avançado. Em breve ele também vai estar conosco. Queremos chegar unidos nas eleições e mantemos a esperança de que vamos chegar. NM – Um dos principais questionamentos das pessoas sobre sua atuação política em Camaçari é sobre o longo tempo que ficou distante da cidade. O que o levou a manter-se afastado? Tude – O político tem os momentos dele. Quando vence é aquela euforia, mas quando perde é hora de refletir, tentar identificar em que pontos houve erro e tal... Nas eleições de 2004 eu perdi a disputa pela Prefeitura de Camaçari. Em 2008, encomendei pesquisas e vi que a popularidade do prefeito ainda estava alta, então decidi esperar. Não estava distante, estava aguardando o momento certo para voltar. Durante este período, também aproveitei para me dedicar mais a família. Acrescento que, apesar de não estar em Camaçari no dia-a-dia, sempre vinha a cidade, conversava com amigos e, inclusive, tratando de política. Em 2011, se aproximando as eleições, começaram a surgir os convites, os encontros políticos. Foram feitas pesquisas que me colocavam numa boa posição e demonstravam a insatisfação do povo com essa gestão. Tomei a decisão de voltar. - Nossa Metrópole |