Operações com atraso acima de 90 dias somam 29,5% em maio, diz BC.
Juro da modalidade, acima de 200% ao ano, é a mais cara do mercado. Números
do Banco Central revelam que o cartão de crédito das pessoas físicas é campeão
de inadimplência, ou seja, é a linha de crédito que possui o maior percentual
de atrasos acima de 90 dias, critério utilizado pela autoridade monetária para
calcular as operações inadimplentes. Ao todo, a pesquisa do BC envolve 20
linhas de financiamento, sendo 13 para empresas e 7 para
pessoas físicas.
Dados do BC mostram que, em maio, a taxa de inadimplência nas operações
com cartões de crédito somou 29,5%, a maior de todas as
linhas de crédito calculadas pela instituição. Em segundo lugar, aparece as
operações com “export notes”, linhas buscadas por empresas, com 20%, seguida
por linhas de refinanciamento de saldo devedor de cheque especial e cartão de
crédito - com 19,5% de inadimplência. No caso do cheque especial propriamente
dito, e do crédito pessoal para pessoa física, a inadimplência somou 11,3% e 5%
em maio deste ano. A taxa média de inadimplência, de todas as modalidades de
crédito, totalizou 6% em maio deste ano, segundo o BC, e, no caso das operações
com pessoas físicas, somou 8% no mês retrasado. Os dados mostram que a
inadimplência com cartão de crédito é quase cinco vezes maior do que a média
geral e 3,6 vezes superior à média de todas as operações bancárias com pessoas
físicas.Dados da autoridade monetária revelam ainda que as operações com cartão de crédito com atrasos acima de 15 dias, ou seja, sobre os quais já incidem os juros do crédito rotativo, somaram 42% de todas as operações desta modalidade em abril deste ano.
Embora os juros
bancários já incidam nos atrasos acima de 15 dias no cartão de crédito, o Banco
Central informou não considerar, entretanto, estas operações propriamente como
“inadimplentes” e, por isso, não pede provisionamento para os bancos (manutenção
de recursos em caixa para fazer frente a um eventual calote). A inadimplência
vale somente para atrasos acima de três meses, lembra a autoridade
monetária. Segundo a série histórica da autoridade monetária, os atrasos
acima de 15 dias, que somaram 42% em maio deste ano, cresceram bastante nos
últimos dez anos. Em abril de 2002, por exemplo, estavam em 27%. Com isso, o
crescimento foi de 55% neste período. A autoridade monetária, apesar de
realizar pesquisa mensalmente sobre várias modalidades de crédito, não faz
levantamento sobre os juros do cartão. Estudo da Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra, porém,
que a taxa de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartões de crédito é
a mais alta do país. Fonte: Tribuna