Especialistas
recomendam evitar a todo custo deixar o débito caducar e ir à Justiça. Já teve
problemas? Conte-nos sua história A arquiteta Fatima Coelho vive um pesadelo há
quase 20 anos. Por causa de uma dívida de R$ 10 mil, perdeu em um leilão a
única casa que tinha, avaliada hoje em R$ 700 mil. O drama de Fátima, que teve
de sair de seu imóvel há seis meses e mora de aluguel, se parece com o de
muitas pessoas que um dia escorregaram no cheque especial: mergulharam numa
dívida que se tornou impagável e foi parar na Justiça.
Família perde casa por dívida de R$ 10 mil
Para
ajudar o leitor a evitar enfrentar problemas sérios como o da arquiteta Fatima,
o iG ouviu especialistas, que deram conselhos
sobre o que não fazer na hora de renegociar uma dívida. Em primeiro lugar,
todos são unânimes ao alertar sobre juros e pagamentos parcelados de cartão de
crédito. “O brasileiro não avalia o custo dos juros quando faz uma compra”, diz
Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian. “As taxas do
cartão de crédito, por exemplo, são exorbitantes.” Outra prática nociva é o
pagamento da fatura mínima do cartão. “Esse mecanismo foi criado para situações
de emergência, não para ser usado todo mês.” “O principal de tudo é não rolar
juros”, diz o advogado Fabio Martins Di Jorge, do escritório Peixoto e Cury.
Segundo ele, entrar numa disputa com um banco para discutir juros de uma
dívida, como aconteceu com a arquiteta Fátima, é entrar numa causa perdida para
o cliente.
Comprou um Uno, mas pagou o valor de um Tucson? Veja quanto custa parcelar. Ela tinha 16 cartões de crédito. Hoje, ensina educação financeira
Apesar
disso, feita a dívida, não resta outra solução que não tentar renegociá-la,
antes de cair na disputa judicial. “Mesmo que a pessoa tenha os meios para
defender os bens, vai precisar de um advogado, e isso custa caro”, diz Renata
Reis, especialista em defesa do consumidor do Procon-SP. O advogado Fábio ainda
faz um alerta. “Renegociar uma dívida com um banco só vale se a instituição
financeira sabe que o devedor não tem garantias. Se há um imóvel em jogo, os
credores vão para cima.” Segundo a especialista do Procon, o consumidor deve
procurar o credor para tentar renegociar a dívida. Quando o fizer, precisa se
informar com detalhes sobre o valor do débito, pedindo planilhas e o contrato
inicial que gerou o débito.
“Evite
recorrer a empresas que dizem limpar o nome do consumidor. Por trás delas, pode
haver agiotas”, lembra Almeida, da Serasa. Outra recomendação dos especialistas
é não deixar a dívida caducar, sobretudo para quem tem bens em jogo. “Não se
esqueça nunca da dívida. Não finja que ela não existe”, diz Almeida. “A pessoa
que deixa uma dívida vencer morre para o mundo do crédito, sua linha de cheque
especial é cancelada. É uma situação extremamente arriscada”, continua Renata.
Além disso, a pessoa corre o risco de a empresa credora entrar com um recurso
judicial no último minuto. O advogado Fabio diz que, em último caso, o devedor
pode pedir sua insolvência civil, que nada mais é do que a falência da pessoa
física. “O problema é que, nesse caso, o credor controlará sua vida.”