GERALDO LUÍS ‘LAVAVA DEFUNTOS NA MINHA ADOLESCÊNCIA’



O apresentador Geraldo Luís do Balanço Geral SP (Record)

Ao R7, jornalista fala da infância difícil, do amor pela mãe, do trabalho social e do desafio de fazer um programa diário De segunda a sexta-feira, a partir das 12h, Geraldo Luís invade a casa dos telespectadores com o Balanço Geral SP (Record). Na atração, o apresentador trata de assuntos policiais e de denúncia, mas sempre com um jeito diferente. — A notícia todos os veículos têm. Mas, a forma como apresentamos o fato, com entretenimento, ninguém faz. Ou seja, quem é que tem no estúdio um galo e um anão? A reportagem do R7 conversou com o jornalista para saber um pouco mais sobre o jornalista que tem dado o que falar. Em um papo descontraído, ele relembrou da infância difícil, falou do trabalho social e ainda do desafio de apresentar o Balanço Geral SP. Segundo ele, na adolescência, ele chegou a trabalhar no IML (Instituto Médico Legal) como lavador de defuntos. Confira a entrevista completa!

R7 — Você nasceu em Limeira, interior de São Paulo, e sempre disse que teve uma infância complicada. O que você se lembra desse período?
Geraldo Luís — Foi um período bem difícil, eu não brincava. Não tinha tempo. Minha mãe era faxineira e eu filho único. Meu pai nos abandonou quando eu tinha apenas quatro anos. Então, comecei a trabalhar aos nove anos. Fiz de tudo. Fui engraxate, vendedor, limpei farmácia. Dos 16 aos 19 anos, cheguei até a trabalhar no IML (Instituto Médico Legal). Eu lavava os defuntos na minha adolescência.

R7 — Onde você e sua mãe viviam?
Geraldo Luís —
Em um cortiço, que ficava nos fundos de uma zona de prostituição. Não tenho vergonha de dizer que vivi e sei o que é a miséria. Vi de tudo ali. Lembro que minha mãe chegou a fazer uma plaquinha que ficava na porta de casa escrito: “Casa de Família”. Era uma forma de informar que, ali, viviam duas pessoas que lutavam para viver com dignidade.
R7 – Como era a sua relação com a sua mãe?
Geraldo Luís –
Dona Olga foi uma sobrevivente. Nós dois passamos por muita humilhação, mas estávamos sempre juntos. Ela morreu em 2007, vítima de um câncer, três dias depois que eu assinei com a Record. Sempre me emociono ao falar dela. Mas, foi com ela que aprendi a dar valor para as conquistas da vida. Sei que ela se orgulha de mim.
R7 – Foi uma lição de sobrevivência?
Geraldo Luís —
Por conta do que vivi com dona Olga eu sempre valorizo o ser humano. Foi por isso que fundei a Casa da Sopa, em Limeira. Servimos cinco mil refeições por mês, damos cursos de artesanato e informática. É a minha forma de agradecer a Deus por tudo o que ele tem me dado.
R7 – É verdade que você cursou teatro?
Geraldo Luís —
Durante cinco anos. Eu queria fazer televisão de qualquer jeito. Participei de um grupo teatral chamado A Turma do Pintando o Sete. Apresentávamos a peça Maria Minhoca, de Maria Clara Machado. Eu interpretava um colibri.
R7 – Como surgiu a oportunidade no jornalismo?
Geraldo Luís —
Quando eu trabalhava no IML, conheci o repórter Rubens Pinheiro Alves. Ele trabalhava em uma rádio e sempre aparecia por lá para saber sobre casos policiais. Na época, eu lavava os defuntos. Rubens me conheceu, me chamou para um teste na rádio e aí tudo começou. Anos depois, eu comecei a ter o meu próprio programa.
R7 — Qual é o maior desafio em apresentar o Balanço Geral SP, das 12h?
Geraldo Luís —
É o de estar ao vivo todos os dias. Temos que estar sempre criando, sempre nos reinventando. Afinal de contas, a notícia todos os veículos têm. Mas, a forma como apresentamos o fato, com entretenimento, ninguém faz. Ou seja, quem é que tem no estúdio um galo e um anão?
R7 – Como você reage com as críticas? Logo no início do Balanço, você foi alvo dos críticos por conta do seu jeito irreverente.
Geraldo Luís – Não faço o programa para os críticos. Faço para o público. Se um dia eu estiver na rua e alguém me parar para falar que não gostou de algo que eu fiz no ar, aí eu vou me preocupar.