Novo
negócio: planta começa a produzir em 2014. Six Semicondutores terá ajuda
pública total de R$ 714 milhões; Planalto considera indústria estratégica, mas
especialistas criticam gasto. Depois de mais seis meses de adiamentos, o
projeto do governo de construção de uma fábrica de semicondutores no País foi
anunciado ontem oficialmente. A Six Semicondutores, a mais nova empresa do
grupo de Eike Batista, saiu do papel com uma forte ajuda do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por mais da metade do
investimento de R$ 1 bilhão. Além de entrar com R$ 245 milhões para garantir
uma fatia de 33% na sociedade, o banco ainda aprovou financiamento de R$ 267 milhões
para a nova fábrica, que será construída no município de Ribeirão das Neves, em
Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Outro empurrão do
governo veio na forma de financiamento da estatal Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep), que liberou à Six uma linha de empréstimo de R$ 202 milhões.
A nova fábrica, que tem previsão de começar a produzir em 2014, tem como
sócios, além do BNDES e de Eike Batista (que também terá 33%), o Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a americana IBM e a Matec Investimentos
e Tecnologia Infinita, do ex-presidente da Volkswagen do Brasil Wolfgang Sauer.
O projeto vinha sendo tratado com discrição pelos sócios porque a presidente
Dilma Rousseff tinha planos de anunciar pessoalmente o investimento. Mas
problemas de agenda acabaram deixando a presidente fora do evento, que contou
com a presença do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Fernando Pimentel. O interesse do Planalto pela produção de semicondutores
ficou claro no lançamento da política industrial, no início do ano, quando o
setor foi classificado como estratégico para o desenvolvimento econômico do
País. Na época, o governo chegou a calcular que a falta de unidades de
semicondutores gerava um déficit comercial de cerca de US$ 6 bilhões por ano ao
Brasil. A iniciativa, no entanto, é polêmica. O economista Claudio Frischtak,
que trabalhou no Banco Mundial e hoje é sócio da Inter B Consultoria, criticou
os gastos da União. Ele lembra que o governo já tem uma fábrica estatal de
chips no Rio Grande do Sul, a Ceitec. "Quem garante que não será mais um
desperdício de dinheiro?", disse. Segundo ele, o Brasil está duas a três
décadas atrasado nesse segmento e a fábrica gaúcha, criada em 2008, ainda não
conseguiu trazer nenhum avanço para o País. Já o economista do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Silvio Sales,
se mostra mais favorável à decisão do Planalto de dar um pontapé, via BNDES,
para tentar desenvolver o setor. "Estamos atrasados nessa área. Era
preciso um empurrão do Estado. Isso se justifica", afirmou. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo. Fonte Agência
Estado