SEM ACORDO, BRASKEM ADMITE PARAR FÁBRICAS

Polo Industrial de Camaçari: para a Abiquim e governo baiano produção no complexo não corre risco
A menos de 15 dias do fim do prazo do contrato de R$ 14 bilhões entre Petrobras e Braskem
para fornecimento da nafta, o setor petroquímico aguarda com expectativa pela solução do impasse sobre o reajuste do insumo básico de toda a cadeia produtiva de plásticos.
A ameaça de uma consequente paralisação de metade do Polo Industrial de Camaçari -   divulgada nesta terça-feira, 19, pelo jornal "Folha de São Paulo" -   foi, entretanto, descartada pelo governo baiano e pelas principais entidades representativas do setor.
Na  reportagem da "Folha de S. Paulo", o  presidente da Braskem, Carlos Fadigas,  admite que a empresa pode paralisar total ou parcialmente duas fábricas nas próximas semanas. "Sim, há essa possibilidade, mas estamos empenhados em encontrar uma solução", diz. Ele, no entanto, não cita a   unidade que  poderia ser afetada. O jornal paulista afirma  que  as linhas de produção que podem ser paralisadas são a fábrica de Mauá (SP) e metade de Camaçari.
"É uma questão que está nos fazendo perder o sono, já que a indústria  não comporta mais um novo custo. Mas, ainda assim, o Polo de Camaçari talvez fosse o menos ameaçado, por ser um complexo moderno para onde estão programados investimentos de peso, como o complexo acrílico da Basf, inclusive em parceria com a Braskem", afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo. Ele acredita que as atividades da Braskem em Mauá (SP) e Triunfo (RS) estariam  mais vulneráveis.
A primeira, pelo fato de, ao contrário de Camaçari, não contar com um porto e uma refinaria próximos, "sendo o porto  fundamental, no caso de   importação", frisou. Já em Triunfo, o comprometimento é justamente pelo fato da unidade depender hoje 100% de nafta importada, diferentemente de Camaçari".
Para o presidente da Abiquim, a solução imediata para a questão passa pela medida impopular de reajustar a gasolina, reduzindo a demanda pela nafta destinada ao produto. 

O secretário de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, acredita que a questão deva ser resolvida com subsídios. "É uma negociação entre gigantes, mas que deve ser vista também pelo lado positivo por promover uma discussão acerca da logística atual da nafta", disse. Segundo Correia, o governador Jaques Wagner também estaria preocupado com o impasse  e até já  teria recebido a diretoria da Braskem para tratar a questão, além de estar conversando, paralelamente,  com a diretoria da Petrobras.