Já não é nem um pouco agradável
pensar em uma cobra rastejando e mostrando a sua linguinha apavorante. Muito
menos ainda pensar na picada de uma delas. Além de assustadoras para a maioria
das pessoas, as mordidas de cobras podem causar ainda, em um reduzido número de
casos, sintomas muito incomuns e graves. De acordo com o Live Science, os raros efeitos de picadas
de cobra venenosa foram relatados pelos pesquisadores ao longo dos anos,
registrando reações estranhas e bastante diferentes, que vão além da dor
inicial do bote e de outros efeitos do veneno. Atualmente, existem mais de três
mil espécies de cobras no mundo, sendo que 600 delas são venenosas e outras 200
são consideradas potencialmente prejudiciais para as pessoas, porque seu veneno
pode causar problemas de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde. A OMS
também lista picadas de cobra como uma de suas 17 "doenças tropicais
negligenciadas", que são condições que causam um número significativo de
doenças e mortes, mas geralmente recebem menos atenção das pessoas nos países
desenvolvidos. Abaixo você poderá conferir uma amostra de algumas das reações
mais raras de picadas de cobra.
Um homem na Ásia sofreu um efeito bastante incomum após uma picada de
uma víbora em seu pé direito.
Ruptura do baço. - De acordo com o relatório
publicado na edição de setembro da revista Wilderness and Environmental
Medicine, este paciente, de 60 anos de idade, foi internado em um hospital
rural da Coreia após a picada da serpente, que aconteceu enquanto ele colhia
frutas em um pomar. Segundo as informações do relatório, ele recebeu o
soro antiofídico umas duas horas depois de ter sido mordido, mas no terceiro
dia após a picada, seu pé inchou muito e a dor da mordida piorou. O que
aconteceu foi que a capacidade de seu sangue a coagular foi prejudicada em uma
condição chamada coagulopatia e os médicos não conseguiram revertê-la, mesmo
que administrassem doses adicionais do soro. No dia seguinte, o homem relatou
dor abdominal grave. Logo então os médicos descobriram que o baço tinha rompido
e eles disseram que os problemas de coagulação do sangue tinham provavelmente
causado esse dano. "Seu sangramento foi tão grave que o baço rompeu",
disse ao Live Science Dr. Scott Weinstein, um toxicologista da Austrália, que
não esteve envolvido no estudo de caso. A solução encontrada pelos médicos foi
a remoção completa do baço, o que fez com que o homem melhorasse, obtendo alta
em boas condições de saúde 20 dias após a internação.
Problemas hormonais. - A víbora
de Russel é uma das serpentes mais venenosas do mundo e, em alguns casos, as
suas picadas podem causar sangramento na glândula pituitária. Isso danifica o
órgão e pode impedi-lo de exercer a sua função básica, a produção de hormônios,
incluindo aqueles que regulam as funções sexuais. Em um relatório publicado em
outubro de 1987 na revista The Lancet, os pesquisadores examinaram 33 casos de
pacientes picados por víboras de Russell. Como se já não bastasse o susto e a
dor da picada (além de outros efeitos), alguns desses pacientes desenvolveram
alterações hormonais graves, o que resultou na diminuição da libido, perda de
pelos pubianos e nas axilas, problemas de ereção nos homens e períodos
menstruais irregulares, escassos ou ausentes nas mulheres. Este efeito
secundário raro pode resultar de picadas de apenas algumas populações
específicas de víbora de Russell, que vivem em quatro ou cinco pontos da Ásia.
A má notícia é que o dano do veneno não pode ser revertido. Quando as pessoas
desenvolvem essa reação, elas precisam receber tratamentos hormonais para o
resto de suas vidas ou os sintomas irão persistir.
Massa gigante na perna. - Imagine
ser picado por uma cobra hoje e os efeitos aparecerem somente daqui a quarenta
ou cinquenta anos? Sorte, azar ou algo um tanto esquisito? Pois isso aconteceu
com uma mulher na Malásia. Ela foi picada por uma cobra venenosa na perna
esquerda quando tinha apenas 14 anos de idade, mas, quando estava na casa dos
50 anos é que foi aparecer um inchaço incomum no local. Ela desenvolveu
uma grande massa em sua perna, que era indolor, mas se tornou muito grande e
incômoda. Quando os médicos radiografaram a massa, eles encontraram o que
parecia ser uma cavidade alargada envolta em uma membrana resistente e
calcificada, mas não mexeram no local. Cerca de cinco anos depois, a
mulher voltou ao hospital com a perna pior e os médicos descobriram que a massa
tornou-se infectada e estava rompendo a pele dela. Os médicos então removeram a
massa e a ferida cicatrizou completamente um mês após a cirurgia. Um raro caso
de veneno de efeito retardado.