Tomar analgésico e beber mais tarde
corta o efeito do remédio. MITO: O álcool não interfere na ação dos
analgésicos. O que ocorre é que, por ter um efeito diurético, o álcool faz o
organismo excretar mais rapidamente os medicamentos. O efeito parece reduzido
porque o organismo já eliminou o medicamento. "O uso de bebida alcoólica
intervém no processamento hepático, o que pode acelerar o metabolismo dos
analgésicos e assim interferir diretamente no tempo de duração desses fármacos.
Porém, não se pode dizer que corta o efeito", explica o médico
anestesiologista Erick Curi Tratar dores de cabeça e musculares com analgésicos
é uma prática comum, uma vez que para adquirir os do tipo não-narcóticos
(Dipirona, Paracetamol e Ácido acetilsalicílico) não é preciso de receita, mas
os médicos alertam para os perigos da ingestão descontrolada destes
medicamentos que podem causar doenças e até matar. Segundo
especialistas ouvidos pelo UOL, tomar analgésicos
constantemente pode causar lesões no fígado, nos rins. Além do risco de
provocar gastrite, úlcera ou mesmo uma hepatite medicamentosa. "Todo mundo
generaliza que grávidas podem tomar paracetamol a vontade. Mas nenhuma pessoa
de qualquer idade deve usar analgésicos de forma regular", diz o
neurologista Abouch Krymchantowski, diretor do Centro de Avaliação e Tratamento
da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro. Algumas pessoas acreditam que as bebidas
alcoólicas cortam o efeito dos medicamentos, no entanto, o álcool não interfere
na ação dos remédios. O que ocorre é que por ter um efeito diurético o álcool
faz o organismo excretar mais rapidamente os analgésicos interferindo na
duração da ação desses fármacos.
Outro mito sobre a combinação de bebidas
alcoólicas e analgésicos é que a mistura causaria um efeito semelhante ao uso
de entorpecentes. "O álcool tem uma potente ação sobre o nosso sistema
nervoso. A ingestão de bebidas alcoólicas altera a percepção do indivíduo a
vários estímulos, entre eles o estímulo doloroso. Assim, ocorre uma falsa
impressão de potencialização do efeito dos analgésicos", afirma o médico
anestesiologista Erick Curi, diretor administrativo da Sociedade Brasileira de
Anestesiologia. A cafeína, um estimulante do sistema nervoso, está presente em
diversos analgésicos por contribuir para a melhora das dores de cabeça, mas a
ingestão dos medicamentos não é recomendada com uma xícara de café.
"O
excesso de cafeína no organismo pode provocar taquicardia e até uma piora da dor",
afirma a neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Carla
Jevoux. Segundo a neurologista, o uso de analgésicos para tratar dores de
cabeça constantes pode torná-las ainda piores. A médica explica que o aumento
dessas substâncias faz com que o corpo fique mais vulnerável aos estímulos que
provocam dores como abuso de luminosidade ou a falta de sono. Como resultado, o
paciente pode adquirir uma doença chamada "cefaleia por excesso de
medicação", diz a médica.