“O fígado sofre muito com crendices populares”, diz médico; chás como o
verde, espinheira santa, cáscara-sagrada, além de álcool, obesidade e
automedicação lesionam o órgão
Ciclosporina é essencial para pacientes que fizeram
transplante de fígado ou de outros órgãos e tecidos. Silencioso, o fígado
trabalha arduamente para garantir a boa saúde do corpo. No entanto, quando é
agredido por qualquer que seja o agente, como vírus, álcool ou alimentação
ruim, começa a se desgastar. No início, sofre quietinho. Quando resolve botar a
boca no trombone, a situação já fugiu do controle. Vem daí a importância de
entender o que faz mal para o fígado para aprender a cuidar desse órgão vital. Aquele
chazinho recomendado pela vizinha? Pode ser um veneno que leva até mesmo a um
transplante. Automedicação? O risco é alto. Beber demais para esquecer os
problemas? Saiba que o fígado guardará mágoas. É essencial entender que sem o
fígado não se vive, já que é um dos órgãos mais complexos do organismo. Segundo
o hepatologista Raymundo Paraná, da Sociedade Brasileira de Hepatologia e
professor da Universidade Federal da Bahia (UFB), o fígado tem uma função
imunológica,: ele retira as impurezas de todo o sangue que vem do intestino,
permitindo que ele vá limpo para o coração. Além disso, tem células que barram
a passagem de bactérias que eventualmente venham por meio do sangue.
“Elas são capturadas e destruídas”, explica o médico. Mas não para por aí: o fígado também excreta a bile, que carrega substâncias importantes para a digestão de vitaminas lipossolúveis. Não obstante, é um órgão endocrinológico, pois produz substâncias do tipo hormônios. “Essas substâncias também controlam algumas funções, como a renal. Além disso, produz fatores de crescimento celular. O fígado é uma grande usina do organismo, produz uma série de proteínas fundamentais, incluindo a albumina, que circula no corpo e mantém os líquidos dentro dos vasos”, detalha Paraná. Diante de um órgão tão nobre, muitos não se dão conta que atitudes corriqueiras podem lesioná-lo. O médico hepatologista explica que quando o fígado é agredido de forma severa, seja por uma substância tóxica ou por vírus e bactérias, acontece a hepatite aguda. “Nesse caso, há sofrimento agudo do órgão. A pessoa pode ficar com olhos amarelos, fadiga, cansaço, náuseas e ter vômitos”, diz. É o único caso em que o fígado manifesta sua insatisfação em um curto período de tempo entre a agressão e a lesão. Ao contrário do que muitos pensam, boca amarga, azia, má digestão e manchas na pele não são sinais de problemas no fígado. “Quem reage à má ingestão de alimentos são o esôfago, estômago e duodeno”, explica a hepatologista do Hospital Samaritano de São Paulo, Cátia Rejania de Melo.
“Elas são capturadas e destruídas”, explica o médico. Mas não para por aí: o fígado também excreta a bile, que carrega substâncias importantes para a digestão de vitaminas lipossolúveis. Não obstante, é um órgão endocrinológico, pois produz substâncias do tipo hormônios. “Essas substâncias também controlam algumas funções, como a renal. Além disso, produz fatores de crescimento celular. O fígado é uma grande usina do organismo, produz uma série de proteínas fundamentais, incluindo a albumina, que circula no corpo e mantém os líquidos dentro dos vasos”, detalha Paraná. Diante de um órgão tão nobre, muitos não se dão conta que atitudes corriqueiras podem lesioná-lo. O médico hepatologista explica que quando o fígado é agredido de forma severa, seja por uma substância tóxica ou por vírus e bactérias, acontece a hepatite aguda. “Nesse caso, há sofrimento agudo do órgão. A pessoa pode ficar com olhos amarelos, fadiga, cansaço, náuseas e ter vômitos”, diz. É o único caso em que o fígado manifesta sua insatisfação em um curto período de tempo entre a agressão e a lesão. Ao contrário do que muitos pensam, boca amarga, azia, má digestão e manchas na pele não são sinais de problemas no fígado. “Quem reage à má ingestão de alimentos são o esôfago, estômago e duodeno”, explica a hepatologista do Hospital Samaritano de São Paulo, Cátia Rejania de Melo.
Crendices
populares. - A obesidade também é uma vilã
para o bem-estar do órgão. “Uma forma de proteger o fígado é não engordar. As causas
principais da gordura no fígado (esteatose hepática não alcoólica) são a
obesidade e o colesterol alto. É apenas um sinal de que o órgão está sob
estresse metabólico. A cada 100 obesos ou pessoas com sobrepeso, 80 terão
esteatose”, diz Paraná. No dia a dia, além da obesidade, o consumo de álcool,
os vírus da hepatite B e C, chás, remédios fitoterápicos, alopáticos,
suplementos alimentares inadequados e as populares e ilegais “bombas” que
muitos tomam para crescimento muscular podem arruinar esse órgão. “Normalmente, a agressão é bem tolerada e não
apresenta sintomas específicos, mas o órgão continua sendo agredido e vai
respondendo com cicatrizes dentro dele, as fibroses. No intervalo de duas a
quatro décadas, elas aparecem e formam a cirrose hepática”, alerta o médico. A
hepatologista Cátia Rejania de Melo complementa: o tratamento para quando o fígado
falha é o transplante.
“O fígado sofre muito muito
também com crendices populares”, diz Paraná. O médico se refere principalmente
aos chás que, popularmente são recomendados para curar mil males, mas que na
verdade machucam o órgão. “Essa história de que há medicamentos que protegem o
fígado, sejam alopáticos ou naturais, não é verdade. Não existe nada comprovado
do ponto de vista científico”, enfatiza o hepatologista. “No chá de boldo, por
exemplo, só há possibilidade de malefício. O chá verde, em excesso, é tóxico e
pode causar hepatite grave. A erva-cavalinha também agride o fígado. A
cáscara-sagrada e uma série de outros que passam a ideia de protetores podem
causar muito mal”, alerta Paraná. Além disso, ele coloca na lista negra a
espinheira-santa, mãe-boa, sacada, aloe vera, fedegoso e picão preto. O médico
explica que não há níveis seguros de consumo para que possam ser recomendados.
No caso do popular chá verde, a
lesão costuma acontecer quando ingerido em grande quantidade por dois a três
meses. “Precisa de um tempo para acumular e depende do uso por mais de 30
dias”, diz ele. A catequina presente no chá verde é nociva ao fígado. “Em uma
ou duas xícaras, a quantidade de catequina é pequena, mas em quantidades
maiores causa mal ao fígado. O chá verde não é antioxidante coisa nenhuma. É só
um chá”, alerta o médico. O único alimento que, segundo o médico,
comprovadamente faz bem ao fígado é o café. “É recomendado para quem tem doença
no fígado e não tem contraindicações para o consumo, como a arritmia cardíaca.
O consumo diário de café bloqueia uma proteína que produz as cicatrizes no
fígado. Não é tratamento, mas um coadjuvante importante”, detalha.
Vitaminas. - Paraná se preocupa com a suplementação vitamínica sem precedentes.
Segundo ele, o excesso de vitaminas pode causar grandes males ao órgão. “Há
tratamentos absurdos com superdosagem de vitaminas. Nenhum organismo precisa de
vitamina se a alimentação é saudável”, diz o hepatologista. “Suplementação
também não é antioxidante, isso não é uma verdade científica. O que se sustenta
cientificamente é que a alta dose pode causar danos ao organismo, inclusive ao
fígado”. O médico exemplifica que a vitamina C em excesso aumenta a absorção de
ferro e pode causar um dano hepático em longo prazo. A vitamina A estimula a
formação de cicatrizes no fígado, conhecida por fibrose. “Suplemento vitamínico só deve ser tomado quando há carência de
vitaminas comprovada por exames”, conclui.