Quadrilha mapeava
quais premiações não foram pagas aos verdadeiros ganhadores, que não foram
sacá-los, com ajuda de gerentes da CEF; entre as contas usadas para esquema,
aparece a do ex-atleta. A Polícia Federal
deflagrou uma operação na manhã desta quinta-feira (10) para desarticular uma
quadrilha especializada em falsificar bilhetes de loteria premiados. Em um ano
de investigação, a PF identificou prejuízos de pelo menos R$ 60 milhões. Estão sendo
cumpridos 54 mandados judiciais: cinco de prisão preventiva, oito de prisão
temporária, 22 de condução coercitiva e 19 de busca e apreensão em Goiás,
Bahia, São Paulo, Sergipe, Paraná e no Distrito Federal.
Um dos mandados de busca está
ocorrendo na casa do ex-jogador de futebol Edilson, o 'capetinha', que foi pentacampeão
mundial com a seleção brasileira e jogou pelo Corinthians e Cruzeiro, entre
outras equipes. O esquema contava com a participação de clientes e gerentes da
Caixa Econômica Federal, banco alvo da quadrilha. Os criminosos mapeavam quais
premiações não foram pagas aos verdadeiros ganhadores, que não foram sacá-los. Esses
valores, não retirados, abastecem o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
Só no ano passado, ganhadores de loterias deixaram de resgatar R$ 270,5 milhões
da Mega-Sena, Loteca, Lotofácil, Lotogol, Quina, Lotomania, Dupla-Sena e
Timemania.
Correntistas que mantinham grandes
quantias no banco cooptavam os gerentes para convencê-los a participar do
golpe. Eles tinham que liberar o dinheiro dos prêmios a pessoas indicadas pela
quadrilha, que apresentavam o bilhete premiado falso. Durante a investigação, a
PF identificou a atuação de um doleiro no esquema. Ainda de acordo com a
Polícia, a organização criminosa praticava outros delitos, como fraude na
utilização de financiamentos do BNDES e do Construcard. A Operação Desventura,
como foi batizada, contou com informações passadas pelo Setor de Segurança
Bancária Nacional da Caixa. Os suspeitos vão responder por estelionato
qualificado, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, falsificação de
documentos públicos e evasão de divisas.