DIANTE DE NOVAS DENÚNCIAS, DIRETORIA DO HGC ESCLARECE 'DESCASO' EM ATENDIMENTO


Dorilda Vasconcelos, diretora Geral do Hospital Geral de Camaçari e Francisco Santana, diretor Médico da instituição

 Mais uma vez o Camaçari Fatos e Fotos recebeu uma denúncia sobre a precariedade do atendimento do Hospital Geral de Camaçari (HGC). Marileuza Oliveira, denunciou ao CFF que seu genro está a quatro dias no corredor do hospital com fortes dores no abdome e tomando apenas soro.
De acordo com Marileuza, o rapaz não é o único, pois muitos pacientes estão espalhados pelos corredores. Ainda segundo ela, os familiares estão tendo que levar lençóis de casa, pois os pacientes estão deitados em macas desforradas.

Na tarde desta última quinta-feira (26), a Diretora Geral do Hospital Geral de Camaçari, Dorilda Vasconcelos e o diretor Médico da instituição, doutor Francisco Santana, procurados pelo CFF, confirmaram que realmente existe pacientes nos corredores do HGC. Entretanto, segundo Francisco Santana, o hospital não tem conseguido atender à grande demanda.

De acordo com ele, a procura pela emergência do hospital se dá de forma equivocada, pois 97% das pessoas que são atendidas no HGC deveriam passar primeiro pelas Unidade de Saúde da Família (USF), Unidade Básica de Saúde (UBS) e Unidade de Pronto Atendimento (UPA). E somente após um atendimento prévio nestas unidades e havendo a necessidade de um atendimento específico ou internação deveriam ser encaminhados para o HGC.

Ainda segundo Santana, o Ministério da Saúde elaborou estratégias que qualificam os pacientes conforme a doença e a gravidade, e é exatamente de acordo com o que estabelece o ministério que o HGC identifica os pacientes que necessitam de um atendimento prioritário. “Os mais graves tem mais prioridade que os menos graves, não importando se é idoso: nesse momento o idoso não tem prioridade, o estatuto do idoso cai”. Enfatiza o diretor.

Doutor Francisco lembrou ainda que apenas 3% dos pacientes que se encontram no HGC deveriam está lá. São pessoas acidentadas, com dores agudas ou em coma, os demais fazem parte da “demanda indevida”, ou seja, pacientes sem nenhuma gravidade.

Por conta desta demanda, grande parte dos pacientes fica sem um atendimento devido e muitos terminam acomodados nos corredores, sem contar as pessoas que vem de outros municípios, como Simões Filho, Dias D’Ávila, Pojuca, Mata de São João e até mesmo de Salvador.

Segundo doutora Dorilda Vasconcelos, o HGC não tem nem mais capacidade para atender a população de Camaçari, pois quando o hospital foi construído a cidade possuía 70 mil habitantes e atualmente são aproximadamente 250 mil, isto é, 180 mil habitantes a mais.

Ainda conforme a diretoria do hospital, a demora no atendimento dos doentes não se dá por deficiência no quadro de funcionários, mais sim, pelo inchaço provocado pela grande demanda. Perguntada sobre as mortes, doutora Dorilda respondeu com uma pergunta, “Você já viu alguém morrer em festa? A não ser que seja assassinada, lugar de morrer é no hospital”. E ainda ressaltou que é exatamente por conta da demanda que estas mortes acabam acontecendo.

Já com relação à falta de lençóis nas macas, ela destacou que existe uma equipe responsável pelas trocas, e que há uma grande quantidade desses forros e cobertores, embora 30% sejam desviados. Talvez esquecendo ser ela a gestora administrativa da unidade hospitalar, doutora Dorilda disse não poder fazer nada com relação aos desvios, pois não tem como controlar.

Enfim, os dirigentes do hospital concluíram que o problema no atendimento do HGC não é de cunho administrativo, mais sim estrutural, de espaço físico. Eles, sem observar que o papel de campanhas cabe aos setores de comunicação das instituições, sugeriram que os meios de comunicação privados criassem um programa de conscientização para a população, pois a maioria das pessoas não sabendo a quem recorrer termina indo buscar ajuda no HGC.