BRASILEIROS ESTÃO EM 60% DAS MAIORES EMPRESAS PARAGUAIAS, DIZ CONSULTOR



Para um grupo discreto e crescente de empresários brasileiros, Paraguai não é só o paraíso dos sacoleiros
A imagem do Paraguai que ganhou forma e se consolidou no Brasil é a de um país que vive do agronegócio e da contravenção. É lá que se abastece parte substancial do contrabando "formiga" do Sul e do Sudeste, e é de lá que vêm parte das drogas e armas que são usadas ou transitam pelo país. Para um número bem menor – mas representativo e crescente – de brasileiros, porém, o país é destino de investimentos produtivos.
Lista inclui Petrobras e filial da JBS no país vizinho. Grupo Camargo Corrêa investe cerca de R$ 200 milhões em fábrica de cimento
Os nomes mais citados e conhecidos são os de latifundiários como o catarinense Tranquilo Favero, o “rei da soja” do Paraguai, odiado por trabalhadores sem-terra que nesta semana pintaram seu nome em um boneco enforcado em Ñacunday, no sudeste do Paraguai. Mas inclui também indústrias e grupos tradicionais brasileiros, como Itaú, JBS e Petrobras.
Estudo divulgado na semana passada pela consultoria paraguaia Iseisa, ela própria comandada por um brasileiro, afirma que 60% das 1,2 mil maiores empresas do país têm participação de capital ou gestores brasileiros em cargos decisórios. Colocando de outra forma, são maioria em um universo responsável pela geração de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio.
Segundo Williams Francisco da Silva, presidente da Iseisa, há também muitos casos de sócios ocultos.“Brasileiros que são os verdadeiros capitalistas, mas que já transferiram a gestão para a segunda ou terceira geração, já nascida ou criada integralmente no Paraguai”, diz o consultor.
Nova onda
A migração de investimentos produtivos brasileiros para o Paraguai não é propriamente recente. Mas tem ganhado novas feições. A partir da construção de Itaipu, na virada da década de 1970 para a de 1980, era marcada por investimentos em terra e na produção de commodities agrícolas, que viabilizaram também pequenos supermercados e oficinas. Agora, vem ganham destaque empresas de comércio, serviços e a indústria.
Com uma rede de 170 postos de combustíveis, a Petrobras é uma das empresas brasileiras de maior visibilidade no Paraguai
Há nomes conhecidos, como o grupo Camargo Corrêa, que está construindo no país uma cimenteira, com investimentos de R$ 200 milhões. Mas a maioria é formada mesmo por empresas com marcas menos famosas, que se instalaram e vêm crescendo sem alarde. “Só neste ano, já demos suporte a instalação de oito”, diz Wagner Enis Weber, diretor geral da Braspar, Centro Empresarial Brasil-Paraguai, criado para dar suporte a empresários brasileiros interesados em investir no país vizinho.