Níveis, manutenção e
revenda: veja tudo o que você deve saber antes de blindar o seu automóvel. Blindagem não é “superpoder”: o risco de um
projétil penetrar o interior do veículo existe.
A
blindagem automotiva vem atraindo cada vez mais o interesse dos motoristas que
circulam nas ruas das grandes cidades brasileiras. De acordo com o último
levantamento feito pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), em 2013
foram blindados 10.156 no país, um recorde pelo quarto ano consecutivo. O
trânsito caótico, a sensação de insegurança, a vulnerabilidade ao parar em cada
semáforo e o aumento do número de empresas especializadas no Brasil expandiram
o mercado e fizeram com que o segmento, que antes era voltado apenas para a
classe A, também atinja o público da classe média. Mas antes de transformar o
seu carro é preciso ficar atento aos prós e contras do serviço. Veja tudo o que
você deve saber antes de decidir blindar a sua máquina:
Quanto
Custa? - Apesar
da diminuição do preço do serviço nos últimos anos, a blindagem ainda é
considerada um processo caro. Dependendo do nível de blindagem e do tipo de
veículo, o procedimento pode superar o valor do veículo. A blindagem de menor custo, voltada para uma proteção mais discreta
onde se enquadram as picapes de pequeno porte, por exemplo, o custo do serviço
varia em torno de R$ 40 mil. Já na blindagem de custo médio, aplicada em sedãs
médios, o valor pode atingir uma média de R$ 50 mil. As blindagens de alto custo, que exigem um serviço mais
sofisticado ao serem aplicadas em SUVs e veículos de grande porte, podem chegar
a custar em torno de R$ 75 mil.
Níveis
de Blindagem. - No
Brasil, os níveis de blindagem seguem a norma de resistência balística ABNT-NBR
15000 e são divididos em uso permitido, restrito e proibido. De acordo com
essas normas, existem quatro níveis de proteção de blindagem no Brasil para uso
civil:
-
Nível
I. - A menor proteção disponível no mercado pode resistir a disparos de
armas com calibre 32 e 38, além de ataques com ferros e pedras.
- Níveis II e II-A. - Com base na tabela americana, esses
dois níveis resistem a armas como pistola 9 milímetros e Magnum 357, mas não
são níveis de proteção resistentes contra armas de grande porte.
- Nível III-A. - O nível que representa 95% dos
carros blindados que trafegam pelas ruas do país, pode suportar quatro vezes
mais do que o Nível I e resiste ao ataque de armas de mão de todos os calibres:
submetralhadoras, pistolas 9 mm e Magnum 44.
Blindagem não é “superpoder”. É importante saber que o seu carro
não irá se transformar em um tanque de guerra. Por mais grossos que sejam os
vidros, as chapas de aço e os materiais utilizados nas portas, o risco de um
projétil penetrar o interior do veículo ainda existe. De acordo com especialistas, existem pontos vulneráveis em um
automóvel mesmo após a blindagem, como colunas e maçanetas. As engrenagens e o
formato da lataria podem impedir um perfeito ajustamento da colocação das
chapas de aço, o que dificulta a proteção na região. Outro fator importante a
ressaltar é que os vidros têm capacidade limitada de resistência a tiros. As
balas de armas com impacto mais potente podem penetrar a blindagem com
persistência. As normas internacionais de blindagem determinam que os vidros
sejam capazes de resistir até cinco tiros em uma área de 20 centímetros
quadrados: isso significa que a sexta bala na mesma região pode atingir o
interior do veículo.
Revenda. - Por se tratar de um serviço
específico, um automóvel blindado pode sofrer com a desvalorização na revenda.
Especialistas do setor afirmam que embora a blindagem se desvalorize menos do
que o carro em si, calculam que a depreciação pode chegar a 15% ao ano.
Manutenção e garantia.
- Um carro
blindado também implica cuidados especiais e maiores custos com manutenção. As
empresas especializadas em blindagem costumam oferecer garantia de dois anos e
a cobertura é voltada apenas para defeitos da blindagem. No caso de um conserto
ou reparo do automóvel (em razão de uma colisão, por exemplo) os custos de
manutenção podem pesar: em geral, um reparo na carroceria ou nos vidros de um
veículo blindado pode custar cerca de 20% mais do que o mesmo processo em um
automóvel comum.
Seguro. - Embora diminua a probabilidade de
furtos em cerca de 30%, o alto custo de um eventual reparo faz com que isso
acabe refletindo no valor do seguro de blindados. Para minimizar o problema,
assim como ocorre com acessórios (sistema de áudio, rodas e equipamentos
específicos), as seguradoras geralmente tratam a blindagem à parte. Desse modo,
no caso de reparos de partes não-blindadas (retrovisores, grade dianteira e
faróis, por exemplo), a franquia tem o mesmo valor que a franquia de um veículo
normal, evitando que o assegurado seja obrigado a pagar um valor muito mais
alto ao acionar o seguro nesse caso.
Peso x Potência. - Uma das principais preocupações na
hora de blindar um veículo é o peso extra da blindagem, que varia de 70 kg a
130 kg, em média, de acordo com o modelo do carro e o nível de proteção
utilizada. Consequentemente, esse peso extra gera a perda de potência, e caso a
estrutura do carro não o suporte, o carro pode sofrer sérios danos em sua
estrutura, passando a ter restrições sobre o volume de carga e de passageiros.
Portanto é extremamente importante que o consumidor busque as orientações de
empresas e profissionais que conheçam o assunto.
Consumo de Combustível.
- Devido ao peso
extra e o aumento do esforço do motor para que o automóvel se locomova, a
blindagem aumenta ligeiramente o consumo de combustível. Esse aumento pode
variar muito dependendo do modelo e do tipo de blindagem. Materiais como o
kevlar (manta de aramida), além da otimização da utilização do aço para que o
peso seja o menor possível, são algumas das novas tecnologias usadas atualmente
para reduzir o peso da blindagem e diminuir o consumo de combustível.
Pneus não podem ser
blindados. - Muitos
acreditam que os pneus também possam ser blindados, mas segundo Fábio Rovêdo de
Mello, da Concept Blindagens, a coisa não funciona bem assim. Cada roda recebe
um sistema de proteção, que pode ser uma cinta de aço ou polímeros especiais.
Esses dispositivos permitem que o veículo rode por alguns quilômetros a certa
velocidade e aumentam a probabilidade de deslocamento até uma zona de
segurança.
Precauções. - Não faz sentido ter um carro
blindado sem ter uma postura precavida. Um automóvel blindado exige hábitos
cautelosos e um comportamento seguro para que a proteção seja funcional:
- Manter as travas e os
vidros fechados. - Descer
do veículo após uma colisão, não efetuar o fechamento das travas ou abrir as
janelas por qualquer motivo são atitudes que anulam a função da blindagem.
- Manter o veículo
sempre em movimento. - No
caso de um assalto, não é recomendável permanecer parado. Dessa maneira, o motorista
evita que mais de um projétil atinja a mesma região. A blindagem é uma
ferramenta valiosa de fuga, onde o motorista ganha alguns segundos preciosos.
Como no trânsito isso nem sempre é possível, é recomendável que o motorista
deixe um espaço necessário em caso de proceder com uma manobra de fuga.