A morte do
universitário Humberto Moura Fonseca, 23 anos, por coma alcoólico em uma festa
na cidade de Bauru, interior de São Paulo, alerta para os riscos da ingestão
exagerada da substância. As complicações geradas pelo alcoolismo matam 19
pessoas por dia no país, segundo dados do Ministério da Saúde. O estudande
ingeriu mais de 30 copos de vodka em uma competição no dia 28 de fevereiro. De
acordo com o sistema Datasus, em 2012, número mais recente disponível, foram
6.944 óbitos no Brasil. Na Bahia, 578 indivíduos perderam a vida neste mesmo
período - média de quase dois óbitos por dia.
Com o objetivo
de fornecer informações sobre drogas lícitas, como o álcool, e ilícitas, foi
lançado no início deste mês o 420 App, primeiro aplicativo em língua portuguesa
com esta proposta. No Brasil, foram registradas 242 mortes na faixa etária
dos 20 aos 29 anos em 2012. Segundo a pesquisadora Clarice Madruga, do
Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas, da
Universidade Federal de São Paulo (Inpad/Unifesp), o público jovem é o que mais
abusa das bebidas alcoólicas. De acordo com ela, os jovens que fazem uso de
álcool têm mais chances de desenvolver dependências químicas, não apenas de
bebidas, mas de outras drogas, caso venha a experimentá-las. Os riscos do
consumo excessivo, conforme a pesquisadora, são muitos. "Há a questão da
intoxicação. O álcool paralisa o sistema nervoso e, se a pessoa entrar em coma
alcoólico, pode ter uma parada cardiorrespiratória. Além disso, há outros
riscos, como fazer sexo sem camisinha e dirigir embriagado",
afirma. Se fossem consideradas as causas indiretas, como acidentes e
doenças provocadas pelo consumo abusivo, o número de mortes poderia ser maior.
"Na
construção civil, por exemplo, há casos de trabalhadores que bebem e sobem o
elevador e, às vezes, caem, além dos acidentes de trânsito", afirma o
psiquiatra Antônio Nery Filho, diretor do Centro de Estudos e Terapia do Abuso
de Drogas, da Universidade Federal da Bahia (Cetad/Ufba). Na última semana, a
presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.106, que criminaliza a venda de
bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. Clarice Madruga considera um
"passo importante" para a redução do consumo de álcool na
adolescência, mas acredita que é preciso limitar ainda mais o acesso às
bebidas. "O preço é um fator muito importante, quanto mais caro, menor o
consumo. Temos um dos preços mais baixos de álcool. Além disso, qualquer tipo
de estabelecimento vende álcool, é preciso controlar os pontos de venda",
pontua. Já Antônio Nery defende que de nada adianta uma lei mais rigorosa
se a fiscalização não for ativa. "Já existem leis que proíbe a venda para
menores. Criminalizar não resolve, precisaríamos de uma boa fiscalização"