Movimento Resistência Popular reivindica moradias ao governo do Distrito
Federal
Cerca de 200 pessoas, segundo os
cálculos da Polícia Militar (PM), ocupam desde a madrugada desta segunda-feira
o hotel Saint Peter, no centro de Brasília. Eles fazem parte do Movimento
Resistência Popular, composto por famílias de várias partes do Distrito
Federal. O grupo reivindica moradias ao governo de Brasília. O hotel
estava vazio, sem funcionar desde março deste ano. No ano passado, ele foi
alvo de polêmica ao oferecer um emprego de R$ 20 mil ao ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, condenado no processo do mensalão. Ylka Carvalho, uma das
coordenadoras do grupo, diz que eles não querem morar no hotel. A ação, conta
ela, tem como objetivo chamar a atenção do governo. O grupo ocupou por mais de
dois meses uma área pública no centro da cidade, mas teve de deixar o local no
sábado após uma operação coordenada pela Subsecretaria de Ordem Pública e
Social do DF, que removeu 110 barracas. Segundo Ylka, na madrugada desta
segunda, o grupo passava pelo hotel quando percebeu que havia uma porta aberta,
permitindo sua invasão e ocupação.
Ylka nega a versão oficial de que o governo ofereceu a eles um terreno
no Setor O, a 30 km do centro da cidade, mas que o grupo não manifestou
interesse. Segundo ela, o terreno nunca foi oferecido, mas, caso a proposta
seja mantida, eles desocuparão o prédio e irão para o local indicado. As
famílias no hotel gritam várias palavras de ordem contra o governador Rodrigo
Rollemberg (PSB). — A gente nem sabe o tamanho da área. A gente não sabe o
local, só sabe o que a mídia divulgou — reclama Ylka. Parte das famílias
ganhava aluguel social, no valor de R$ 600. O prazo máximo para receber o
benefício é de um ano, que já se esgotou. Mas Ylka diz o governo não se empenha
em encontrar uma solução.
— As famílias receberam por um ano, eles não querem pagar mais, mas
também não querem dar casa, lote — diz Ylka Pela manhã, o subsecretário de
Movimentos Sociais e Participação Popular do DF, Acilino Ribeiro, chegou a ir
ao hotel conversar com os manifestantes. Segundo Ylka, ele ficou de retornar às
18h e dar uma resposta. O governo local, por outro lado, negou que ele tenha
intenção de voltar ao local. O governo também argumenta que, por se tratar de
área privada, só pode agir para desocupar o local caso haja uma ação de
reintegração de posse. Informa ainda que o movimento não apresentou os
documentos necessários para demonstrar sua legitimidade como representante das
famílias que lutam por moradia. Assim, não há mais como dialogar com o
movimento.