Reutilizar
garrafinhas traz risco de contaminação de compostos químicos é menor do que a
de bactérias
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Qual foi a
última vez que você lavou sua garrafinha de plástico usada para tomar água?
Essa mesma, que você usa para levar à academia ou ao parque, durante um passeio
com as crianças? Ou a que fica na sua bolsa ou no seu carro por semanas.
Mas é seguro reutilizar essas garrafinhas? Há muitos mitos sobre essa
prática. Abaixo, listamos o que é correto e o que não faz bem.
Há riscos de contaminação por compostos químicos? Um
dos mitos que circulam na internet é que as garrafas de plástico podem liberar
na água componentes tóxicos para a saúde. "Em termos gerais, não há
problemas de segurança para a saúde reutilizar essas garrafas", disse Ana
Trancoso, professora de Nutrição e Ciências Alimentares da Universidade de
Sevilha, na Espanha, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. No entanto, há
matizes interessantes nesse sentido, que convém ser analisadas. Segundo
especialistas, está provado cientificamente que os recipientes de plástico duro
a base de policarbonato, que contém o aditivo chamado Bisfenol A (ou BPA),
podem, sim, liberar esse composto.
Um estudo feito pelo centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA concluiu
que mais de 90% dos americanos trazia essa substância na urina. Em nosso
cotidiano, estamos expostos ao BPA a todo momento, já que ele é usado para
fabricar recipientes, mas também latas de alimentos e bebidas, além de recibos,
extratos bancários, CDs, etc. O que acontece, segundo a professora, é que a
quantidade dessa substância liberada em garrafas é tão pequena que muitos
órgãos reguladores de saúde não a consideram um perigo.
Mas, como ainda estão sendo conduzidos estudos sobre o assunto, por precaução,
muitos países proíbem que mamadeiras contenham Bisfenol A. No Brasil, a Anvisa
proíbe a importação e a fabricação de mamadeiras com BPA desde 2012. Para as
demais aplicações, o uso do composto é liberado. Também está comprovado que
esse tipo de plástico com BPA, se submetido a altas temperaturas, acaba
multiplicando a liberação do composto. Mas as garrafas de plástico flexíveis conhecidas
como PET não utilizam BPA.
Risco verdadeiro: um ninho de bactérias. Os especialistas concordam
sobre o fato de que o maior risco para a saúde associado à reutilização de uma
garrafa plástica está no nível microbiológico. Por um lado, seu uso repetido
pode causar rachaduras ou furos no plástico. "Sua resistência foi pensada
para um único uso", lembra Ana Trancoso. E essas falhas no material são um
ótimo lugar para abrigar bactérias – o que pode ser um risco para a saúde. Por
outro lado, a menos que essas garrafas sejam lavadas regularmente, seu reuso
acarreta uma contaminação bacteriana, com micro-organismos vindos da nossa
própria boca, das nossas mãos ou mesmo da exposição ao meio ambiente. Um estudo
de 2002 publicado na revista especializada Canadian Journal of Public Health
analisou amostras de 76 garrafinhas de água usadas por estudantes do ensino
primário.
Algumas delas estavam sendo utilizadas por meses sem ser lavadas. E dois terços
delas tinham níveis bacterianos que excediam o limite recomendado para água
potável. Segundo a professora, devemos considerar a garrafinha como qualquer
outro item de