Delcídio do Amaral (PT-MS) é o primeiro senador da República a ser preso
no exercício do cargo, sob acusação de obstruir investigações; o banqueiro
André Esteves também foi detido
O senador da República fez parte da diretoria de
Gás e Energia da Petrobras durante governo FHC A Polícia Federal prendeu o
senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, na manhã desta
quarta-feira (25). Ele foi detido por agentes no hotel onde vive em Brasília, o
mesmo onde agentes da corporação detiveram o pecuarista José Carlos Bumlai na
véspera, também como parte dos desdobramentos da Operação Lava Jato. A prisão
foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), instância da Justiça que
julga autoridades com foro privilegiado, caso de parlamentares. É a primeira
vez que um senador da República é preso no exercício do cargo.
Além do
senador, foram presos o chefe de gabinete do parlamentar e um de seus
advogados, além do banqueiro André Esteves, sócio do banco BTG Pactual. AoiG, o Partido dos Trabalhadores e seus advogados
afirmaram que ainda não tinham um posicionamento oficial a respeito da prisão
de Amaral até a publicação desta matéria.
A detenção do senador
foi autorizada após o Ministério Público Federal apresentar
evidências de que Amaral tentava atrapalhar as investigações sobre a Lava
Jato. Segundo a TV Globo, o filho de Cerveró alega ter uma gravação em
que Amaral oferecia ao ex-diretor ajuda para fugir do Brasil para que
ele não prestasse depoimento de delação premiada. Ainda de acordo com o canal,
o senador teria ofertado um pagamento de R$ 50 mil por mês à família de Cerveró
para não citar seu nome em depoimentos. A prisão do senador é preventiva, sem
data para expirar, quando a Justiça decide que, entre outros, há risco de o
investigado obstruir investigações, fato grave. O STF se reúne para definir se
ele continuará detido.
Investigações. - Parte da diretoria de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001,
durante o governo Fernando Henrique Cardoso, Amaral foi citado em delações
premiadas feitas à Justiça Federal na operação que investiga desvios da
Petrobras. Em depoimento, o ex-diretor da Área Internacional da
Petrobrás Nestor Cerveró, que teria sido indicado por Amaral para o cargo,
acusou o senado de participar de um esquema de desvio de recursos
relacionado à compra da refinaria de Pasadena, comprada pela estatal de forma
superfaturada.